sexta-feira, 11 de março de 2011

Urgências psiquiátricas só até à hora do jantar


O Hospital de Faro concentra o atendimento psiquiátrico urgente de todo o Algarve. Serviço especializado funciona todos os dias da semana apenas entre as 09h00 e as 20h00.
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Antes das 09h00 e depois das 20h00 o atendimento de casos urgentes relacionados com doenças psiquiátricas não conta com especialistas nesta área uma vez que, de acordo com Ana Cristina Trindade, “o atendimento psiquiátrico urgente de toda a região do Algarve efetua-se no Hospital de Faro EPE e decorre todos os dias da semana das 9h00 às 20h00”.

A presidente do Conselho Regional de Saúde Mental do Algarve e diretora do Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do Hospital de Faro respondeu por escrito às questões do Observatório do Algarve relacionadas com os serviços e tratamentos de Saúde Mental na região.

A médica refere que no Algarve existem dois Serviços Locais de Saúde Mental, um no Hospital de Faro e outro no Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio (CHBA), “que efetuam o acompanhamento das pessoas com doença mental e suas famílias”.

Os doentes chegam até à consulta externa de Psiquiatria após referenciação do médico de família, a par do que acontece com outras consultas de especialidade no hospital.

Segundo Ana Cristina Trindade, “o Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do Hospital de Faro dispõe de cinco Equipas de Saúde Mental Comunitárias, cada uma é responsável pela intervenção numa determinada área geodemográfica”.

As equipas, formadas por psiquiatra, enfermeira, psicóloga, técnica de ação social e terapeuta ocupacional, visitam os pacientes no domicílio.

Estes profissionais deslocam-se ainda a “Alcoutim, Castro Marim, Tavira, Olhão, Loulé e Albufeira onde efetuam consultas e outras intervenções nas instalações cedidas ou pelos centros de saúde ou por outras entidades”.

“O mesmo se passa no concelho de Faro sendo as consultas nas nossas instalações nessa cidade”, acrescenta a médica.

E quando há uma emergência como funcionam os serviços?

“António” (nome fictício) tem cerca de 30 anos, vive numa pequena aldeia e desde criança que as suas crises, na maioria das vezes quando falha a medicação, são bem conhecidas da família e dos vizinhos.

O jovem deficiente mental torna-se violento e nessas alturas são os familiares que sentem as consequências da robustez física que aumentou com a idade. As agressões já não surpreendem os vizinhos e o corrupio de ambulâncias do INEM, seguidas de uma patrulha da GNR, não enganam: o “António” sofreu mais uma crise.

Na última vez foram necessárias duas ambulâncias, uma para “António”, que teve de ser controlado, e outra para um familiar, que ficou ligeiramente ferido ao enfrentar a fúria do jovem e necessitou de assistência hospitalar.

Ana Cristina Trindade, questionada pelo Observatório do Algarve sobre “Como se processa a relação entre as autoridades de saúde e policiais em situações de emergência (em particular as que põem em causa a integridade física dos próprios doentes e terceiros)?”, não respondeu.

Refira-se que os princípios gerais da política de saúde mental, bem como as normas que ditam o internamento compulsivo de pessoas com doença mental estão regulamentados pela Lei n.º 36/98, de 24 de julho.

Fonte: Observatório do Algarve

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