domingo, 3 de fevereiro de 2013

Ser ou não ser deficiente...

Na minha coluna no Portal Vida Mais Livre, volto a focar o tema "qual o termo correto para nos relacionarmos às pessoas com deficiência". 

Será que sou deficiente? Ou serei portador de uma deficiência? Serei tetraplégico? Mas ouvi dizer que afinal sou uma “pessoa com deficiência”…Que confusão! Afinal, por que resolveram começar a confundir-me? É isso mesmo. Estou confuso e nem eu sei bem o que sou, o que tenho, como sou. A que pontos isto chegou! Até eu próprio fico na dúvida de como me tratar. Ridículo não acham? E tudo isso por quê? Porque as mentes ditas iluminadas, de repente, resolveram achar que todos os termos utilizados até agora para referir-se a nós eram inapropriados. Mas por quê essa implicância logo agora?

Alguns afirmam que deficiente é um termo pejorativo. Portador de deficiência conota-nos com incapacidade, etc. Segundo o dicionário Priberan de língua portuguesa, “deficiente” é: “Em que há deficiência” e “deficiência” significa: “Imperfeição, falta, lacuna”. Como ficamos? Existe assim tanta diferença? Ainda por cima, segundo os que decidem por nós, o termo mais adequado e aconselhado a ser usado a partir de agora, é “pessoa com deficiência”. Mas qual a diferença entre ser alguém que tem uma deficiência (significado de deficiente) e uma pessoa com imperfeição, lacuna e falta (significado de deficiência)? Ou ainda uma pessoa “com” deficiência e “portadora” de deficiência? Até entendo que se deva tentar uniformizar o termo por várias razões, e também que os tempos evoluíram e os termos como “inválido” e “paralítico” estão mais que ultrapassados. Mas também não precisam exagerar.

Porque não deixar um pouco dessa preocupação de lado e virarem-se para os nossos reais problemas? Dava jeito. Até recentemente a Presidente do Brasil foi interrompida e corrigida durante um discurso, onde se dirigiu a nós como “portadores” de deficiência. Imediatamente alguém na plateia fez questão de afirmar que esse termo nem pensar. A Sra. fez-lhe a vontade, tipo: pronto, está bem! Se é tão importante assim, eu passarei a tratar-vos por “pessoas com deficiência”…

Aproveito e deixo um conselho aos que tanto se ofendem com algumas definições. A maioria das nossas associações têm no nome a palavra “deficientes”. Toca a obrigá-los a mudar de nome. Também temos a “Tabela Nacional de Incapacidades” e tantos outros casos idênticos. Isso também tem que mudar e já.

Quanto a mim, não autorizei ninguém a decidir por mim e nem tenciono esconder ou camuflar a minha deficiência, por isso, podem continuar a referir-se a mim como bem entenderem, mas já agora aviso que prefiro que me tratem pelo nome, pode ser? Pior é se a moda pega. Qualquer dia, os ricos exigem ser tratados por pessoas com uma riqueza e não portadores de uma riqueza, os portadores de um dom, pessoas com um dom…

Leia algumas opiniões muito interessantes sobre este assunto no Vida Mais Livre.

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